Histórias Brasil afora

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Junho.2015

Olá, meu nome é Patricia e nunca fui pessoa de seguir convenções. Sempre fui moleca e achava essa história de menininha princesa muuuito chata. Não quis ser debutante e nem casar de noiva. Fui casada de coração, e não de papel, por 18 anos. Daí meu relógio biológico disparou. Falei para meu marido que queria ter filhos. Ele não queria ter de jeito nenhum. OK. Arrumei minhas coisas e fui embora. Como continuei não dando bola para convenções, resolvi seguir meu sonho sozinha. Achei que sair para procurar um pai para meus filhos seria sacanagem. Resolvi ser prática. Não daria tempo de esperar aparecer aquela pessoa especial...

Tentei primeiro adoção. Sabe que não é fácil!!!! Você é alocada ao Fórum de acordo com seu endereço. Caí no de Pinheiros e meu santo não casou com a psicóloga de lá. Ela disse que eu era fria demais, e eu acho que foi choque cultural. Sou filha de norte-europeus e estudei minha vida inteira em escola alemã. Não tenho a exuberância latina e tampouco fui criada para demonstrar emoções. Não que elas não estejam lá, simplesmente não demonstro. Uma amiga disse que eram meus filhos sussurrando no ouvido da psicóloga: “Ela não. Essa vai ser a nossa mãe”! Vai saber...

Fato é que tive que passar para o plano B. Ter o filho eu mesma; a velha e boa produção independente. Comecei a procurar clínicas de reprodução e a ver sites de bancos de sêmen. Escolhido o doador comecei o tratamento e vi que apesar de super saudável, meu aparelho reprodutivo estava todo zicado. Trompa obstruída, baixa reserva ovariana e por aí vai. E foi. Depois de várias tentativas de FIV (a inseminação foi descartada), finalmente o exame de sangue veio positivo! E no ultrassom a surpresa. Os dois embriões colocados haviam implantado!

A gravidez foi tranquila até eu sofrer um sequestro relâmpago. A experiência é horrível, ainda mais quando você sabe que pode perder os bebês – ou pelo nervoso, ou porque querem bater em você, ou te matar, ou porque vão bater o seu carro com você dentro! Eu estava grávida de 6 meses, e até esse ponto trabalhando bastante, nadando, fazendo pilates. Depois do susto minha pressão começou a subir. Continuei trabalhando (eu era autônoma e precisava fazer caixa – ainda mais que os bandidos haviam roubado meu computador, meu instrumento de trabalho!). Um mês e pouco depois fui internada com Síndrome Help. Com 32 semanas, quase 33 entrei em trabalho de parto lá no hospital e tive minha dupla de parto normal, sem anestesia. Eles nasceram bem, mas precisaram ficar na UTI pra ganhar peso. O G2 ficou 20 dias e a G1 ficou 30 dias internada. Fui bombeando leite e consegui mantê-los só no meu leite no hospital e depois em casa até os 6 meses. E também doei leite pacas! Fala de vaca leiteira, hahaha!!!

Depois da alta fomos para o litoral onde meus pais têm uma casa de praia. Fiquei morando lá sozinha com a dupla, pois estava com medo de São Paulo. Sabe como é gato escaldado! Gostei bastante de morar na praia. Eu cuidava das crianças sozinha e trabalhava de casa - e viva a internet!) enquanto eles dormiam. Tinha uma faxineira que vinha cuidar da casa 1 vez por semana e minha irmã ou meu ex-marido vinham no final de semana me dar uma ajuda, fazer companhia, e olhar as crianças enquanto eu tirava o atraso do sono.

Meus pais vieram de férias para o Brasil (eles moram na Inglaterra) e perguntaram se eu não queria voltar com eles. Como minha irmã também estava voltando para a Inglaterra, resolvi tentar e ver o que achava. Saímos do Brasil dia 31 de dezembro de 2013 e começamos o ano novo na Inglaterra. Estamos adorando morar aqui. Depois de alguns meses resolvi que mudaria de vez, que seria mais fácil criar as crianças perto da família. Moramos hoje em um vilarejo bem rural, a uns 10 km de Cambridge. A vida aqui é muito diferente. Nossos passeios e brincadeiras são pelo mato, florestas, parques. É tudo bem pacato e do jeito que eu gosto!

As crianças estão sendo criadas de um jeito mais natural. Não deixo eles verem TV, nem brincarem com smart fones ou tablets (eles às vezes roubam meu celular, mas essa é a exceção, kkk). Em casa sempre fomos bilíngues, e eu falo com eles em português, e meus pais em inglês. Eles entendem perfeitamente as duas línguas e estão começando a falar as duas – bem bonitinho ver os dois mudando de um idioma para o outro. Como lemos bastante, eles adoram livros. Eles têm poucos brinquedos e muitos fui eu que fiz. Os dois brincam de panelinhas e de carrinhos, de bonecas e de trenzinho. Não faço diferença de menino e menina. Agora que fizeram dois anos estou deixando eles comerem uma ou outra coisa que tenha açúcar, mas como não têm costume, não dão bola pra doce (eu também não curto muito e raramente tem sobremesa aqui em casa). Eles comem bem e amam frutas.

Nossa adaptação aqui na Inglaterra foi muito tranquila, já que tudo aqui é muito mais próximo à criação que tive em casa. Era no Brasil que éramos diferentes, hehe. Só que nem tudo são flores, né. Aqui tenho meus pais, mas não tenho amigos. Ainda não. Meus diplomas não valem nada. Vou ter que começar tudo do zero. Agora estou no processo de tentar achar um caminho profissional, alguma coisa que eu goste e que dê pra sustentar as crianças (pelo menos aqui as escolas e hospitais públicos são bons). E vamos ver no que vai dar... Pelo menos, sendo pouco convencional, não vou me assustar em meter as caras! E o importante é que estamos felizes de morar aqui.

P.S. Sempre me perguntam o que minha família achou de eu ter feito a produção independente. Na verdade, eu só contei depois que já estava grávida. Meus pais e minhas irmãs adoraram! Minha avó (sueca e feminista) disse que nunca teve tanto orgulho de uma neta. As crianças foram acolhidas de braços abertos por toda a família.

P.S.2 semana passada meu pai veio me falar que fiz a melhor coisa em ter uma produção independente. Fiquei com aquela cara de ponto de interrogação. De onde tinha vindo esse comentário. Daí ele contou que depois de anos de brigas, e uma separação inicialmente amigável, minha irmã e seu ex-marido estão numa briga horrível na justiça pela guarda das crianças, quem vai ficar com que bem, etc. Eles, que tiveram 3 filhos juntos, estão se odiando. E as crianças, coitadas, como se não bastasse terem crescido em meio a brigas, agora estão no centro de uma guerra. Meus filhos podem não ter pai, mas eles têm um avô que é louco por eles e moram em uma cada onde reina o respeito, o amor e a harmonia.

*Patricia Bilsland

**Hoje os gêmeos estão com 25 meses.

Junho.2015

Olá eu sou a Mônica, 33 anos, há 13 anos conheci meu grande amor, Willians... E hj estamos casados há quase 9 anos, e depois de um ano e meio de casados resolvemos vir para o Japão, ele é descendente, e resolvemos nos mudar pra cá pra concluímos alguns objetivos, estamos aqui há 8 anos. Em 2010, resolvemos que estava na hora de tentarmos um filho, fiquei por um ano tentando naturalmente e sem sucesso, pois tinha SOP(Síndrome de Ovários Policísticos) e as trompas obstruídas, daí partimos para o tratamento hormonal, e com três meses de tratamento, o Japão sofreu a terrível tragédia de 11 de março de 2011, com terremoto e tsunami, que abalou o país e nossas vidas também. Devidos aos acontecimentos e o medo de uma grande crise econômica, resolvemos adiar nosso sonho. Resolvi parar o tratamento no dia seguinte da tragédia , e no dia 17, lembro até hj rsrs, foi concebido nossos milagres. Na época sofri com muitas dores no útero, cistites e cólicas intensas sem saber o porquê. Consultei o médico que me disse que essas dores eram por causa de um tumor no útero, causado pelo tratamento que fiz. Fiquei sem chão. Tomei alguns medicamentos para dor e injeções parada induzir a menstruação que já estava atrasada há mais de um mês.

Resolvi imediatamente retornar ao brasil a procura de novo diagnóstico, na intenção de encontrar uma segunda opinião, e com a passagem marcada, resolvi por desencargo de consciência fazer um teste de gravidez em casa, como milhares que já havia feito sem sucesso. Fiz duas vezes e por duas vezes deu positivo, não estava acreditando, por não sentir os sintomas e pelo desequilíbrio hormonal que o médico disse que eu estava. Preferi guardar segredo quanto ao teste até o dia seguinte, onde voltei para a mesma clínica que fui diagnosticada com tumor, e foi confirmada a gravidez de 6 semanas, ali mesmo já escutei pela primeira vez o coraçãozinho do meu bebê, chorei muito e a primeira coisa que perguntei para o médico, era se era apenas um bebê, e ele disse sim, acho que no fundo não era aquilo que queria ouvir, tinha algo dentro de mim me dizendo isso. Fui pra casa e no caminho comprei um par de sapatinho e dei a notícia para meu marido que a princípio não quis acreditar.

Eu comecei a sentir enjoos e ficar desanimada com a gravidez, parecia que algo estava faltando, não estava feliz, queria tanto engravidar, mas parecia que algo estava incompleto, e então com 10 semanas de gravidez veio a grande surpresa da minha vida. Eram dois coraçãozinhos batendo dentro de mim. Gêmeos univitelinos, me senti realizada, ate os enjôos pararam depois dessa notícia, mais uma vez cheguei em casa e ao contar para meu marido, ele ficou irradiante no mesmo instante, parecia que ali a ficha dele tinha caído e ele se sentiu pai de verdade. Imaginem que cheguei a duvidar de Deus, achando que ele tinha me abandonado quando o médico disse que eu tinha um tumor, e olha só o resultado, duas jóias preciosas que ele mandou pra mim pra provar que ele sempre esteve ali ao meu lado, e me presenteou duplamente com meus filhos Enzo e Nikolas, lindos e perfeitos, hj com 3 anos e 7 meses, minhas razoes de viver.

Hoje mesmo cuidando deles sozinha, Deus sempre me capacitou como mãe, me sinto realizada cada vez que recebo uma demonstração de amor deles. São gêmeos idênticos, mas cada qual com sua personalidade, eles são bem parecidos, mas não são iguais no jeito de ser, prefiro dizer que se completam, juntos formam um só, muito amor e muita benção. Eles nasceram aqui mesmo no Japão, mas já conheceram o Brasil quando completaram o 1º ano de vida, conheceram a família e fizemos a primeira festado aniversário. Estão atualmente em escola japonesa, aprendendo cada dia essa cultura totalmente diferente. Amam morar aqui, mas confesso que a família nos fazem falta, espero em breve voltar com eles de novo pra se divertir com todos novamente.

*Mônica Cruz