Perguntas mais frequentes sobre síndrome de transfusão feto fetal.

Junho.2015 por Juliana Oliveira

O que é a STFF?

Síndrome da Transfusão Feto-Fetal é uma complicação que pode ocorrer nas gestações de gêmeos quando os dois fetos (bebês) estão dividindo a mesma placenta porém estão em bolsas diferentes (são as chamadas gestações monocoriônica e diamniótica) Ou gravidez de gêmeos idênticos como costumamos dizer. A Síndrome da Transfusão Feto-Fetal ocorre em aproximadamente 5 a 20% das gestações monocoriônicas (uma placenta). Sabemos que a Síndrome da Transfusão Feto-Fetal é resultado do desequilíbrio no fluxo de sangue entre os dois bebês através de comunicações entre vasos (artérias e veias) na placenta. Este desequilíbrio vai fazer com que um dos bebês receba mais sangue do que o outro, portanto um feto é classificado como de doador de sangue e o outro de receptor. Com isso ao exame de ultrassom observa-se bebês de tamanhos desproporcionais, onde o doador é normalmente um bebê pequeno e o receptor um bebê grande. A síndrome ocorre em gravidez de gêmeos idênticos, embora haja relatos de STFF em casos de gêmeos não idênticos, no caso de tri ou quadri, quando as placentas se fundem por falta de espaço, mas são muito raros de ocorrer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Qual exame detecta a STFF?

O ultrassom é o exame em que se percebe os primeiros sinais da STFF. Gravidez gemelar é muito importante que os ultrassons sejam feitos mais regularmente e com um especialista em medicina fetal. Pois só esse profissional é preparado para perceber os primeiros sinais da STFF.

Em que momento a STFF pode ser detectada?

Isso varia de quando ela acontece, na maioria das vezes ela se manifesta no primeiro trimestre de gestação. Período em que é mais indicado a fetoscopia que tem melhores resultados até 24 semanas. Mas pode também acontecer no segundo ou terceiro trimestre, aí a fetoscopia já não é mais indicada, e entram as medidas paliativas ou até mesmo o parto antecipado para salvar os dois ou um dos bebês.

A STFF tem sintomas?

Alguns sintomas são relatados, mas quando a síndrome está num estágio mais avançado. Tais como aumento muito rápido da barriga, exemplo de uma semana para outra a barriga cresce muito, devido ao aumento do líquido em uma das bolsas. Dores nas costas desconforto para respirar, são as mais comuns. No exame de ultrassom o médico vai perceber os sinais mais evidentes da síndrome, dependendo do estágio.

Estágio I – Olidrâmnio (diminuição do líquido amniótico na bolsa do doador) e polidrâmnio (aumento do líquido amniótico na bolsa do receptor).

Estágio II – A bexiga do doador não é mais visível, pois com pouco líquido a função dela é comprometida.

Estágio III - alterações no Doppler (diástole zero ou negativa na umbilical, onda A nula ou negativa no DV ou veia umbilical com pulsação). Bolsa do feto doador estanque.

Estágio IV- derrame pericárdico, pleural, peritoneal ou anasarca*.

*Anasarca:  é um sintoma caracterizado por um inchaço distribuído pela pele de todo corpo devido ao derrame de fluido no espaço extracelular. A hidropisia é a anasarca fetal.

Estágio V – morte fetal de um dos gêmeos.

Um dos sinais da STFF é a diferença de peso maior que 20% , mas só ela não caracteriza a STFF , como a ausência dessa diferença pode ocorrer mesmo com a STFF em estágio avançado.

Existe forma de evitar a STFF?

Como são comunicações nos vasos placentários, ou vasos na placenta não existe forma de evitar o seu surgimento, costuma-se dizer que a síndrome é imprevisível.

Existe tratamento para a STFF?

Sim hoje dispomos de tratamento, inclusive pelo SUS e com ótimo atendimento. Mas como a síndrome é considerada rara só tem tratamento nos grandes centros. No Brasil hoje temos atendimento no CAISM na UNICAMP em Campinas-SP; no Instituto FIO Cruz no RJ; no HU em Brasília. Esses pelo SUS e particular no HC em SP.

Existem 2 tipos de tratamento para a STFF: 

- AMNIODRENAGEM

- FOTOCOAGULAÇÃO OU FETOSCOPIA A LASER.

Abaixo mostramos a diferença entre os dois procedimentos:

LASER AMNIODRENAGEM
PROCEDIMENTO ÚNICO DOIS OU MAIS DEPENDENDO DE CADA CASO
TRATAMENTO DA CAUSA TRATAMENTO SINTOMÁTICO

MELHOR RESULTADO (AUMENTA IG DO PARTO, CHANCES DE SOBREVIDA DOS DOIS BEBES SOBE PARA MÉDIA DE 60% E UM PARA 70 A 80%, MELHOR RESULTADO NEUROLÓGICO)

RISCO DE MORTE OU LESÃO DO GÊMEO SOBREVIVENTE, NO CASO DA MORTE DO OUTRO. Média de sobrevida de 70% de um dos gêmeos.

MAIS INVASIVO

MENOS INVASIVO

PRECISA DE CENTROS DE REFERÊNCIA

TECNICAMENTE SIMPLES NA REALIZAÇÃO

Quais os cuidados depois da fetoscopia?

Se esse foi o tratamento, o pós cirúrgico deverá ser de repouso, e acompanhamento semanal com ultrassom, com doppler a cada dez dias dependendo o caso. Prepara a mãe e os bebes para um possível parto prematuro também importante já que é um perigo eminente. E desde o diagnóstico e de agora em diante o profissional especialista em medicina fetal é o que deverá acompanhar a gravidez.

Enfim, espero que tenha conseguido esclarecer as principais dúvidas em relação a STFF, não sou médica, tudo o que sei vem de pesquisas e da minha experiência em 2012.Quando em maio descobri a gravidez gemelar e em agosto veio o diagnóstico da STFF, sem saber o que era e sem muitas informações fui muito bem cuidada por verdadeiros anjos. Recebi todo o tratamento, apoio e esclarecimento possíveis na época e tudo sem custo tudo pelo SUS. O diagnóstico veio com quase 24 semanas na sala de cirurgia onde minha médica fazia a amniodrenagem, lembro muito bem desse dia, porque as lágrimas correram dos meus olhos e dos olhos da minha médica também o que comoveu a equipe que lá estava, já que era um procedimento acompanhado pelos alunos do curso de medicina.

Com diagnóstico em mãos fui encaminhada a Campinas e lá novamente muito bem recebida e acolhida pela equipe do Dr.Peralta no CAISMI na UNICAMP. Lá realizei a fetoscopia, e tudo correu bem, em 3 dias voei de volta a Itajaí, onde morava na época. Bem daí para frente foram várias intercorrências e fomos vencendo uma de cada vez até chegar a 35 semanas, uma vitória, já que o parto era previsto para ser com 29 semanas. No dia 08/11/2012 as 15h nasceram Hugo e Gael com peso bom e saudáveis. Hoje eles tem 2 anos e 7 meses, estão saudáveis e cheios d energia.

Eu nunca me conformei com as poucas informações que encontrei, e por isso criei a página Síndrome de transfusão feto fetal para divulgar a STFF e ajuda a outras famílias e terem o mesmo tratamento que eu tive.

Por Juliana Oliveira

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Tópico: Síndrome de Transfusão Feto Fetal

Transfusão feto fetal

Hoje, com exatas 29 semanas, minha esposa foi diagnosticada com essa síndrome... Entramos em contato com o dr. Peralta, ele disse que o procedimento a laser não é mais recomendado, agora é examinar a circulação semanalmente e tentar levar mais longe possível, um deles tem 850g e outro 1300.

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